Sabe que talvez o Deputado Sérgio Moraes
tenha razão. A opinião pública neste país não serve para nada, nós
somos os cabeças duras. Nós não entendemos ainda que políticos como
ele, que são maioria na Câmara, foram gerados nas belas
picaretagens municipais, nas malandragens escusas, nos sacos
puxados, nos golpinhos das prefeituras, nas propinas de
empreiteiros.
Nós não entendemos ainda que eles não tem
sentimentos velhos como os nossos. Sentimentos como interesse
público, amor ao país e outras bobagens. Nós somos bobos, não
sacamos ainda que eles moram em outro país chamado Congresso, onde
as leis são feitas para eles mesmos.
Chamamos de roubo de dinheiro público, o que para
eles é apenas um delicioso uso-fruto do maravilhoso cinismo da
moderna falta de vergonha. Achamos que eles foram eleitos para
legislar. Quando não estão no Congresso, apenas para construir
castelos, arrumar uma grana fácil, empregar parentes, pegar umas
propinas.
Nós não sabemos de nada, principalmente os que
elegeram sete vezes Sérgio Moraes, que responde a oito processos
inclusive com um suposto envolvimento com um caso de prostituição.
Por isso guardem esse nome, Sérgio Moraes, ele é o novo. Nós já
éramos. Abaixo a opinião pública.
Nessas reportagens sobre a educação, as soluções
são claras: verbas maiores para pagar professores, escolas
construídas com segurança, bem aparelhadas tecnicamente. Mas
ninguém faz. Por quê? Por que somos um dos países com o pior
sistema de educação do mundo? Quais são as causas profundas dessa
vergonha?
Bem, primeiro, porque educação não traz votos.
Escolinhas limpas, quem liga para isso? Mesma coisa com a saúde.
São problemas de puro interesse social, e isso não elege ninguém.
Obras só interessam quando dão lucro eleitoral ou lucros em roubos
privados.
Nas escolas, dá para roubar na construção, nas
merendas, mas é coisa pouca, é mixaria. Na saúde, ainda dá para
roubar bem mais, desviando remédios, com superfaturamentos, etc.
Mas repensar a estrutura geral da saúde também não dá grana. E dá
muito trabalho!
Bom é ganhar votos e roubar em grandes viadutos,
barragens faraônicas, canais épicos. Além disso, no Brasil, como
diz o Lula, desde Cabral a educação foi programada para não haver.
Portugal e a burguesia secular jamais quiseram que o povo
aprendesse. Educação é liberdade, entendimento, perigoso! Até o
século 19, tinha de haver autorização do governo para a publicação
de livros, sabiam?
Está entranhada na alma brasileira a ideia de que
pobre não precisa estudar. E muita gente acha que é até melhor que
sejam analfabetos. São mais fáceis de enganar, basta que saibam
servir.